Estava com 38 semanas de gestação, já tinha parado de trabalhar e até algumas semanas atrás estava de repouso por já estar com dilatação. Sempre achamos que a Nina iria nascer antes da data prevista, talvez se tivesse esperando as 40 semanas completas a ansiedade teria sido menor. Passou dia dos pais, aniversário do marido, acompanhávamos as viradas das luas (coisa que achava a maior bobeira no começo da gravidez e nem sabia da suposta influência antes de ficar grávida) e a ansiedade aumentava...
No final de semana tinha ido sozinha de carro ao shopping enquanto o Juninho trabalhava...No domingo dormimos até bem tarde, assistimos o jogo do Timão e fomos pra igreja a noite. Quando voltamos comecei a sentir algumas cóliquinhas. Jantamos, assistimos tv e jogamos video-game até as 3 e meia da manhã. Com as cólicas aumentando, percebi que a barriga ficava dura junto com elas e falei pro marido que "tudo começava com as cólicas". Ele foi dormir mas falou pra eu acordá-lo se precisasse.
Estava dormindo muito tarde no final da gravidez, não chegava a ser insônia pois eu dormia tarde e acordava tarde. Fui pra cama e fiquei monitorando as contrações pelo celular através desse site:
www.contractionmaster.com e navegando na internet, lendo os blogs, passando o tempo.
As dores nas contrações ficavam mais intensas e me dei conta de que eram contrações de trabalho de parto. Desde que comecei a monitorar estavam de 5 em 5 minutos mas em alguns momentos ela deixou de ser em intervalos certos (tipo 7 minutos, depois 3, depois 5 de novo...) e pensei em esperar até estarem de 3 em 3 pra acordar o Juninho.
Pensava que ainda ia demorar bastante tempo, que o Juninho iria trabalhar e eu ligaria pra ele no meio do dia.
Postei no twitter a seguinte frase às 5:48 do dia 16: "estou tendo contrações desde ontem a noite...tô com medo de acordar o marido e ser alarme falso!"
Nisso as contrações vindo de 4 em 4 minutos. Pensei em falar pro marido quando ele acordasse pra trabalhar lá pelas 6 e meia. Não queria ir pro hospital muito cedo pois tinha lido vários relatos de partos demorados, que não evoluiam e doloridos... Aproveitei pra colocar a bateria da câmera pra carregar.
Umas 6hs fui ao banheiro e vi que tinha um pouquinho de sangue. Não dava mais pra esperar. Acordei meu marido, falei o que estava acontecendo e ele pulou da cama. Lembrei que no dia anterior tinha tirado umas coisas da mala da maternidade então fomos arrumar, perguntei se ele não queria tomar um banho primeiro..rsrs Não estava mesmo querendo chegar cedo no hospital.
No caminho liguei pra minha mãe. Chegando lá estava literalmente vazio, esperamos um tempinho até a GO plantonista aparecer. No exame de toque 5 cm de dilatação, vi o tampão mucoso sair na mão dela. Ela me examinou também com uns instrumentos que não sei o nome, saiu bastante sangue.
Ouvi a enfermeira no telefone dizer: "tá subindo uma primagesta com 5 cm já". Na hora vi que era sério o negócio..rsrs (Pensei que ia chegar no hospital com uns 3 cm)
A médica me atendeu com um pouco de pressa, era 7:00, horário de troca de plantão. Pediu que eu aguardasse na recepção que passaria as informações para o médico plantonista. Já deu os papéis pro Juninho fazer a internação e eu fiquei sozinha esperando...As contrações começaram a ficar mais doloridas do tipo que tinha procurar uma posição na cadeira e parar pra respirar.
Logo o Juninho voltou, minha mãe chegou e já me chamaram pra subir pro pré parto.
Lá, coloquei a roupinha de hospital e fiquei numa das 3 macas da sala. A enfermeira veio me examinar e já estava com 6 cm. Como era troca de plantão preferiu esperar a enfermeira-chefe chegar pra estourar a bolsa. Engraçado que todas falavam que
eu ia ganhar rápido, que logo ia nascer e me deixaram lá num cantinho. Me deram a penicilina pra tomar no soro, já que na gravidez foi constatada uma
bactéria e o tratamento era esse.
Fui a prova de que streptococcus positivo não é sinônimo de cesariana.Fui atendida durante o pré e o parto por 2 enfermeiras e a enfermeira-chefe. Foram super simpáticas, uma delas ficou conversando comigo enquanto eu tomava o soro e ajudou a passar o tempo.
Eu perguntei pra elas se eu ia tomar alguma coisinha pra dor (leia-se analgesia) e me espantei com a resposta: "Não. A gente só dá anestesia quando está passando a cabecinha!" Há! Ia ter que aguentar tudo na raça!
As contrações ficaram realmente muito doloridas quando comecei o soro com ocitocina!
Tive que fazer duas vezes o exame do cardiotoco pq a pequenina estava dormindo! Chacoalharam minha barriga, colocaram celular pra despertar perto dela e a pequenina dormindo gostoso na barriga!
A enfermeira disse: "Vamos ter que fazer nascer!". Estouraram a bolsa. Não senti sair tanto liquido quanto achei que seria. Realmente o instrumento lembra uma agulha de tricô. E aumentaram o soro.
Chegou mais uma gravidinha no pré-parto, mas ia ser cesárea ela já estava no terceiro PC. Nem consegui conversar muito, nesse ponto as contrações já estavam beem fortes! Eu me agarrava na cama e só ficava pensando que logo ia passar, que eu ia ver minha filhota e ficava orando pra dar tudo certo.
Lembro que a primeira enfermeira que me atendeu ainda no PS veio ver como eu estava e falar que meu marido estava querendo assistir o parto. Lá no hospital que eu tive eles normalmente não deixam assistir PN só PC. E eu pensei: na boa, não quero ninguém aqui! Achei que seria pior...
As contrações doem sim. Mas passam muito rápido! São alguns segundos de uma dor que você acha que não vai aguentar, mas passam rápido. Eu estava deitada até então, de lado. Mas conforme foram ficando mais intensas senti uma necessidade de ficar sentada, e de fato aliviou um pouco as dores.
Umas 9:20 deram notícias para minha família que esperava lá embaixo. Papai postou no twitter: "Uhuuullll 8 cm de dilatacao daqui a 2 cm a Nina chega !!!"
Logo já era hora de começar a empurrar. Conforme as contrações vinham, comecei a fazer força. Aprendi que tinham que ser com a respiração presa, como se fossem de ir ao banheiro, lá onde a enfermeira estava com a mão. Nesse momento nem me incomodava mais com os exames de toque ou com a mão da enfermeira me ajudando. Fiz número 1 e número 2 conforme empurrava. Ainda bem que meu marido não estava, teria sido bem constrangedor!
Uma enfermeira disse que estava na hora de ir para o centro cirúrgico e me perguntou: "Você consegue ir andando? É aqui ao lado" OMG! Consigo né! Não falei nada pq afinal andar acelera o TP! Esperei uma contração passar e fui devagarzinho.
Foi a enfermeira-chefe que fez todo o meu parto. Não tinha GO nem pediatra no centro cirúrgico, só as 3 enfermeiras que citei. Enquanto uma telefonava para o GO subir, outra ia preparando as coisas e eu empurrava quando as contrações vinham e vinham com muita frequência! Empurrar aliviava a dor.
Senti as agulhadas da anestesia local. Achei que ia demorar muito ainda pra Nina nascer, não conseguia saber se estava empurrando o suficiente, se ela estava descendo, só escutava a enfermeira dizer: " Vai, vai, não pára, comprido, comprido, isso.."
Então o GO chegou e a enfermeira disse pra ele: "Doutor, dá uma ajudinha aqui, empurra a barriga dela." Foi a cena mais estranha, mas foi quando a Nina nasceu. O Doutor empurrando minha barriga (detalhe, com força!), a enfermeira ajudando lá em baixo, eu empurrando durante a contração...Nisso eu gritei: "Ahhh! Não vou conseguir!" e o médico disse "Agora não tem mais volta". Eu: "Não estou aguentando!" E senti a Nina sair e nessa hora tudo passou! As dores, as contrações...eu até esqueci da dor, rápido assim!
Lembro de ter olhado pra baixo e ver o bumbumzinho dela, ela estava de ponta-cabeça e não estava chorando. Pensei: ok, muitos bebês não choram ao nascer. A enfermeira disse que ela tinha engolido um pouco de líquido e precisavam aspirar. Levaram ela pra um bercinho atrás de mim, onde eu tinha que me virar pra ver direito, aspiraram, ela deu um chorinho e parou. Achei que tivessem levado ela pra outro lugar pra limpar mas olhei pra trás e lá estava ela! Quietinha...
A pediatra entrou no centro cirúrgico e a enfermeira disse que daria Apgar 8/9. Começou a examinar a Nina.
Hora do parto 10:05, peso 2.700Kg
Eu estava muito cansada! Assim que ela nasceu me bateu um cansaço muito grande...Dar à luz cansa!
Eu sempre lia relatos de parto e chorava quando a mãe contava como o bebê nascia, eu achei que ia me derramar quando acontecesse comigo mas posso dizer que estava em alpha! rsrs Quase que em estado de choque, me sentia muito cansada, não sabia se eu conversava com ela, se eu tentava dormir... Disse algumas palavras pra pequena e perguntei: "Ela não está chorando! É normal não chorar, ficar assim quietinha?!" A pediatra disse que estava tudo certo, que era normal.
Lembro de ter colocado a mão na barriga e perceber que ela tinha "sumido" perguntei "Cadê minha barriga?!" pras enfermeiras e uma delas apontando pra Nina disse "está aqui!" rsrsrs.
Lembro de terem trazido ela pra eu ver e eu não sabia o que fazer, o que falar, se eu cheirava, se eu beijava, era muito louco pensar que ela tinha acabado de sair de mim! Que aquela minha barrigona tinha um bebezinho lá dentro, que ela nasceu de mim e lá por baixo!
A enfermeira interrompeu meus devaneios falando pra eu dar um beijinho na cabeça dela e eu dei, ela me mostrou a pulseirinha de identificação e disse que a levaria para um berço aquecido na outra sala.
Nem lembro direito quanto tempo se passou depois, parece que demorou mais para finalizarem o parto, retirar a placenta, dar os pontos, do que o tempo que levou pra ela nascer no CC. Lembro que tive que dar um empurrãozinho pra placenta sair, lembro de ter pedido pra enfermeira "deixar tudo bonitinho lá embaixo" e de perguntar quantos pontos estava tomando. Cinco foi a resposta.
Me levaram para a mesma sala de pré-parto para me recuperar, dessa vez de maca!rs Continuei tomando soro, reparei que estava ao lado de um bercinho com um bebê e perguntei se era a minha (não dava pra ver o rostinho...ela estava toda embrulhada) a resposta "É sim! Não tem mais ninguém em TP ". Menos chances de trocarem meu bebê! rs
Acho que se passaram umas 2 horas lá, eu continuava sem saber o que fazia ou falava, só pensava em descansar. Lembro que a Nina estava lá quietinha, acordada e com o olhão aberto! Quando foram levar a gente pro quarto colocaram ela na minha maca ao meu lado e falaram pra eu tentar amamentar. Eu segurei aquela mãozinha e tentei. Achei que ela ia pegar fácil, afinal os bebês nasciam aprendendo a sugar, acho que na verdade era eu que não sabia amamentar! Mas foi bom, ficar um tempinho do lado dela, fazendo carinho...
Cheguei no quarto (sim, quarto. Minha mãe e meu marido conseguiram trocar minha acomodação, que era enfermaria conforme o plano, e meu padrasto pagou a diferença) e fiquei um tempinho ainda tentando fazer ela mamar. Colocaram ela no bercinho e logo meu marido, minha mãe, minha avó e minha tia chegaram com flashes para todos os lados!rs
Papai assim que recebeu a notícia e ao lado na primeira foto com a Nina! Babando...
Já estava me sentindo mais descansada, contei como foi o parto e não lembrava mais da dor das contrações ou da expulsão. Veio uma enfermeira me ensinar a amamentar e dessa vez a Nina pegou, foi bem gostoso!
Pensei que seria mais fácil se tivesse berçário na maternidade mas o tal do alojamento conjunto é muito melhor! Minha mãe me deu a maior força nos dias em que estivemos lá e saí do hospital sabendo cuidar da Nina e o contato que tive com ela foi muito bom!
Nos primeiros dias o bebê não dá nada de trabalho, no primeiro ela praticamente só dormiu e ficou boazinha!
Lembro de uma tia minha me ligar e perguntar com quem ela se parecia. Eu não sabia dizer!
Bebês nascem muito inchados, não conseguia ver nada de mim nela... Ela também perguntou como foi o parto se doeu muito e lembro de ter respondido que doeu, mas nem que nem lembrava mais. Ela perguntou se eu ainda queria ter outro filho eu respondi que sim
e de parto normal!
Posso dizer que me apaixonei pela minha filha à segunda vista. Não sei se foi por eu estar cansada do parto, mas minha ficha só caiu mesmo à noite enquanto minha mãe e a Nina dormiam e eu ainda estava pilhada... Fiquei olhando pra aquele rostinho lindo, lembrando do meu marido, de tudo o que passamos juntos, da decisão de engravidar, da felicidade que foi a gravidez, do parto há poucas horas e fiquei pensando no futuro, como o tempo ia passar rápido, que logo ela ia crescer e como queria que o tempo não passasse mais, que ela não crescesse nunca! rs Até mandei um e-mail pro meu marido de madrugada falando essas coisas e como eu estava feliz! Fiquei lembrando daquela música do
Aerosmith "I don't want to miss a thing" e chorando...
Mamãe babando, te amo filha!